O estudo e a análise da caça às bruxas atravessam toda a produção teórica e a reflexão política de Silvia Federici. Neste novo texto, retomando alguns dos temas-chave de Calibã e a bruxa — a origem do capitalismo nos processos de cercamento das terras comuns e do corpo das mulheres, a separação entre produção e reprodução e a organização do trabalho reprodutivo na longa transição capitalista —, Federici nos oferece, mais uma vez, um método de crítica e leitura do presente que questiona incessantemente as origens e transformações do capital. […] Qual a atualidade da caça às bruxas? Ni una mujer menos, ni una muerta más: com esse verso, escrito em um poema contra o aumento de feminicídios em Ciudad Juárez, México, Susana Chávez, que foi vítima de feminicídio nessa cidade, deu nome a um movimento de alcance global contra a violência de gênero, o qual, a partir da América Latina, está reposicionando o mundo. Nas marés — assim se definem as manifestações oceânicas desse movimento feminista e transfeminista — apareceram muitas vezes cartazes com a frase “somos as bruxas que vocês não conseguiram queimar”. Na prática do objetivo de Reencantando o mundo, esse movimento, para o qual a obra de Federici representa uma importante referência, tem construído um feminismo de novo tipo, que, ao mesmo tempo que luta contra a violência estrutural e sistêmica, imagina e constrói outros espaços, nos quais o trabalho produtivo possa ser socializado e o cuidado possa se converter em um princípio de construção da comunidade, de relações e alianças excluídas dos parâmetros de valorização do capital. Três temas essenciais da produção de Federici são retomados em Caça às bruxas e capital e lidos através de novas lentes, a fim de também falar aos feminismos contemporâneos, aos quais a autora se dirige para identificar seus limites e potencialidades. Três temas: os velhos e novos cercamentos (enclosures); a reedição da caça às bruxas nas novas formas assumidas pela violência de gênero; a imaginação e a construção de novos mundos, novas relações, novos comuns (commons).
— Gabriella Palermo, no posfácio –
Data da Publicação: 24/02/2025
Ano da Edição: 2025
Idioma: Português
Áreas: Humanidades
Dimensões: 21 x 13.5 x 1 cm
Formato: BOOK
Editora: Editora Elefante
Páginas: 100
Autor: Silvia Federici
Bio: Silvia Federici é uma intelectual militante de tradição feminista marxista autônoma. Nascida na cidade italiana de Parma em 1942, mudou-se para os Estados Unidos em 1967, onde foi cofundadora do International Feminist Collective [Coletivo internacional feminista], participou da International Wages for Housework Campaign [Campanha internacional por salários para o trabalho doméstico] e contribuiu com o Midnight Notes Collective. Durante os anos 1980, foi professora da Universidade de Port Harcourt, na Nigéria, onde acompanhou a organização feminista Women in Nigeria [Mulheres na Nigéria] e contribuiu para a criação do Committee for Academic Freedom in Africa [Comitê para a liberdade acadêmica na África]. Na Nigéria pôde ainda presenciar a implementação de uma série de ajustes estruturais patrocinados pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial. Atualmente, Silvia Federici é professora emérita da Universidade Hofstra, em Nova York. É autora de Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva (Elefante, 2017 [2023]); O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista (Elefante, 2019); Reencantando o mundo: feminismo e a política dos comuns (Elefante, 2022); e Além da pele: repensar, refazer e reivindicar o corpo no capitalismo contemporâneo (Elefante, 2023); e coorganizadora, com Verónica Gago e Luci Cavallero, de Quem deve a quem? Ensaios transnacionais de desobediência financeira (Elefante, 2023), além de ter publicado inúmeros artigos sobre feminismo, colonialismo, globalização, trabalho precário e comuns.
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