Em 2020 a vida me apresentou ao Oren Perlin e à sua escrita. E bastaram os primeiros textos para que eu escrevesse um comentário em forma de desejo: “Espero que um dia seu talento ganhe asas de grande envergadura e voe mundo afora, para além do universo virtual. Os seus textos merecem voar. E o mundo merece conhecê-los”. Nestes três anos li tudo o que ele escreveu. Sobre lembranças, reflexões, cenas cotidianas. Nada escapou ao seu olhar atento; o olhar do cronista. Não importa se é a memória de uma guerra ou um vizinho aguardando o elevador — tudo instiga a sua vontade de contar uma história. Quando faltam palavras, ele as inventa. E o músico usa delas para tocar quem o lê. Nas dezenas de textos escritos, havia uma vida desnudada em frente ao leitor implorando para fazer parte de outras vidas. Era chegada a hora de alçar voo. O sonho materializou-se em papel, e as asas de grande envergadura agora estão prontas para voar. Para ser Ícaro Serafim, voo de gaivota, voo livre antes do paraquedas abrir. Asas de quem prefere cair das nuvens que de um terceiro andar; mirada voando ao encontro, partituras voando ao vento. Sorte nossa que teremos a chance de conhecer o seu mundo por meio destas crônicas — é um belo caminho a ser percorrido. Fernanda Morishita Arquiteta e escritora.
